EDUSTAT - 8,7% dos jovens não estuda nem trabalha

8,7% dos jovens não estuda nem trabalha

outubro de 2025


A transição entre o sistema de ensino e o mercado de trabalho é uma fase decisiva, especialmente para os mais jovens que procuram o primeiro emprego. Uma passagem malsucedida pode ter repercussões, desde logo uma maior vulnerabilidade social e económica, refletida num maior risco de pobreza ou exclusão social e dificuldade de integração futura no mercado de trabalho. Esta etapa, quando mal gerida, pode levar muitos jovens à condição de NEEF (Nem Emprego, Educação ou Formação), representando não apenas uma perda de potencial individual, mas também com impacto a nível económico e da coesão social dos países a médio/longo prazo.

A taxa NEEF é, deste modo, um indicador que expressa a proporção de jovens que não se encontram no mercado de trabalho – estão desempregados ou inativos – nem estão no sistema educativo (não frequentam a escola, universidade ou outro tipo de formação). A Comissão Europeia estabeleceu como meta para 2030, a redução da taxa de jovens (15-29 anos) que não estão a trabalhar, nem em educação ou formação para menos de 9%.


8,7% dos jovens em Portugal não estuda nem trabalha

Em 2024, 8,7% dos jovens na faixa etária dos 15 aos 29 anos não se encontrava a trabalhar nem a estudar. Com exceção de 2022 (8,5%), esta foi a taxa mais baixa das últimas duas décadas.

De um modo geral, a taxa de jovens NEEF tem vindo a acompanhar os ciclos económicos. Durante a crise financeira, a percentagem de jovens nesta condição aumentou de forma significativa, atingindo os 16,5% em 2013. Nos anos subsequentes, voltou a uma trajetória de decréscimo até 2019 (9,1%), sendo novamente invertida em 2020 (11%) durante a pandemia. No período seguinte, a taxa de jovens NEEF voltou a decrescer, situando-se, desde 2022, em valores abaixo de 9%.

Apesar de, nas últimas décadas, a percentagem de jovens que não estuda nem trabalha ser sistematicamente superior nas mulheres em comparação com os homens, nos anos mais recentes – de 2020 em diante – não se verificaram discrepâncias de género de relevo. Em 2024, a percentagem de homens e mulheres jovens na condição de NEEF foi exatamente igual (8,7%).



A percentagem de jovens NEEF em Portugal está abaixo da média europeia

A percentagem de jovens que não trabalham nem estudam em Portugal (8,7%) estava, em 2024, 2,4 pontos percentuais abaixo da média europeia (11,1%) e já se encontrava abaixo da meta defina pela Comissão Europeia para o ano de 2030 (de 9%). Entre os 27 países, Portugal encontrava-se na 9ª posição dos países com a menor taxa de NEEF entre os jovens dos 15 aos 29 anos.

A nível europeu, a proporção de jovens NEEF oscilou, em 2024, entre valores superiores a 15%, designadamente na Itália e Roménia e valores inferiores a 6% nos Países Baixos e na Suécia.



Os jovens mais qualificados apresentam um menor risco NEEF

O nível de escolaridade é um fator preponderante no risco dos jovens se encontrarem na condição de NEEF. Em 2024, a percentagem de jovens que não trabalhava nem estudava foi de que 6,8% entre os diplomados do ensino superior, um valor 1,8 pontos percentuais abaixo dos jovens com o ensino básico (8,6%) e 3 pontos percentuais abaixo dos jovens com ensino secundário (9,8%).

A proporção de jovens NEEF em Portugal foi, em em 2024, sempre inferior à média europeia indepedentemente do nível de escolaridade. A maior discrepância verificou-se nos jovens com ensino básico já que a taxa NEEF a nível europeu foi de 12,8%, um valor 4,2 pontos percentuais acima do registado em Portugal (8,6%). No caso dos jovens com ensino superior, a diferença foi menos expressiva de 1,1 pontos percentuais (6,8% em Portugal e 7,9% da média da UE-27).

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A percentagem de jovens NEEF é superior no Algarve e nas ilhas

A proporção de jovens que não trabalha nem estuda não foi uniforme nas diferentes regiões do território português. Em 2024, no Algarve e nas Regiões Autónomas, a percentagem de jovens NEEF foi superior a 10%. No sentido inverso, na região Centro e na Grande Lisboa, a proporção de jovens nesta condição foi inferior a 8%.



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