EDUSTAT - O que os jovens de 15 anos conseguem fazer em Matemática, Leitura e Ciências?

O que os jovens de 15 anos conseguem fazer em Matemática, Leitura e Ciências?

dezembro de 2023

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) voltou a testar a forma como os alunos aplicam os conhecimentos que têm a Matemática, Leitura e Ciência. Em 2022, participaram 690 mil alunos de 15 anos a estudar em 81 países e economias parceiras da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Os resultados daquela que é a maior avaliação internacional à escala mundial foram publicados a 5 de dezembro de 2023. As classificações refletem, mas apenas “parcialmente”, a perda das aprendizagens gerada pelo encerramento das escolas, durante a crise pandémica por covid-19, dizem os investigadores deste estudo, uma vez que os resultados nas áreas da Leitura e Ciências já estavam a piorar em alguns países antes da pandemia.

Mathias Cornmann, secretário-geral da OCDE, faz uma apreciação aos resultados no texto introdutório do relatório dizendo que a descida "equivale a três quartos de um ano de aprendizagem”. Em comparação com 2018, o desempenho médio caiu 13 pontos de pontuação em Leitura e 20 pontos de pontuação em Matemática. Uma “quebra sem precedentes”, escreve, da qual Portugal não escapa.

Quase sete mil alunos de 15 anos de 224 escolas portuguesas participaram nesta última avaliação. No sistema educativo português a amostra é, por norma, constituída por jovens que frequentam o 10.º e o 9.º ano.

Contrariando a tendência de melhoria nos desempenhos das edições anteriores, em 2022 os alunos obtiveram piores resultados nestas provas. A Matemática obtiveram 472 pontos, menos 20 pontos do que em 2018 e em 2015, e menos 15 pontos do que em 2012. A Leitura os alunos obtiveram 477 pontos, uma descida de 15 pontos face a 2018, de 21 pontos face a 2015 e de 11 pontos em relação a 2012. A Ciências os alunos portugueses obtiveram 484 pontos, menos 8 pontos do que em 2018, menos 17 pontos do que em 2015 e menos 5 pontos do que em 2012.

A evolução de Portugal nas avaliações do PISA mereceu destaque em 2018. Tendo sido apresentada pelo diretor de Educação e Competências da OCDE, Andreas Schleicher, como “a maior história de sucesso da Europa”. Nesse ano, os alunos portugueses ficavam em linha ou acima da média obtida pelo total de participantes, respetivamente de 492 pontos a Matemática, de 489 pontos a Leitura e de 491 pontos a Ciências.

Os testes do PISA realizam-se desde 2000 a cada três anos e apesar de avaliarem três áreas -Matemática, Leitura e Ciências -, em cada edição apresenta-se um foco particular sobre uma delas. Nesta última edição foi a Matemática. Olhando para os desempenhos dos alunos da OCDE, o secretário-geral da organização, Mathias Cormann. Constata que “o declínio no desempenho em Matemática é três vezes maior do que qualquer outra alteração consecutiva anterior”.

Quotidiano escolar

Além das áreas tradicionais, os testes do PISA incluíram perguntas sobre o quotidiano escolar. De acordo com a edição de 2022, em Portugal mais de 60% dos alunos estudam em escolas onde faltam professores; em 2018 eram apenas 32%. Ficamos também a saber que 82% dos jovens portugueses têm um sentimento de pertença à escola, 76% fazem amigos com facilidade, 12% estão insatisfeitos com a sua vida e apenas 5% não se sentem seguros no caminho para a escola.

Os investigadores da OCDE quiseram ainda saber as perceções dos alunos face ao ensino da Matemática, o foco desta edição. Em Portugal, 75% dos inquiridos afirmam que, na maioria das aulas de Matemática, os professores mostram interesse na aprendizagem de todos os alunos, e 79% reportam que os professores fornecem ajuda extra quando eles precisam.

Nem sempre os alunos estudam para esta disciplina nas melhores condições: 17% afirma que é difícil trabalhar bem na maioria das aulas, e 25% admite que não ouve o que os professores lhes dizem. Para 34% dos alunos portugueses, os dispositivos digitais, como os telemóveis, são ainda fonte de distração. Já 25% dos alunos são ainda distraídos por outros alunos que estão a usar dispositivos digitais.

Quanto à autonomia das escolas, outro aspeto avaliado, o PISA coloca os estabelecimentos de ensino portugueses bem abaixo dos níveis da OCDE. Isto porque apenas 37% dos alunos frequenta escolas onde o diretor é o principal responsável pela contratação de professores, o mesmo acontece com 60% dos alunos na média na OCDE.