O risco de desemprego dos recém-diplomados do ensino superior aumentou em 2024
julho de 2025
A perspetiva de empregabilidade futura é um fator determinante para muitos estudantes na hora de escolherem a área de formação ou o curso superior a seguir. A possibilidade de encontrar emprego a curto ou médio prazo constitui um sinal positivo para facilitar a transição dos estudantes – geralmente jovens e com pouca experiência – para o mercado de trabalho.
Um dos indicadores que ajuda a medir essa transição é a taxa de desemprego entre os recém-diplomados do ensino superior. Em 2024, foram vários os cursos do ensino superior sem desemprego entre os seus recém-diplomados, mas igualmente, foram também vários os cursos com mais de 10% dos recém-diplomados em situação de desemprego.
Esta análise tem como base os recém-diplomados – diplomados nos últimos 4 anos letivos – de licenciaturas e mestrados integrados inscritos como desempregados junto do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e, portanto, este indicador pode também ser influenciado pela propensão dos diplomados de diferentes áreas se inscreverem ou não no IEFP que poderá depender, por exemplo, da probabilidade de encontrarem emprego por esta via. Além disso, este indicador não permite avaliar a qualidade do emprego dos restantes recém-diplomados que se encontrem a trabalhar. Por outras palavras, os recém-diplomados podem ter empregos desadequados quer à área de formação como inclusive ao nível de ensino que acabaram de completar.
A propensão ao desemprego aumentou em 2024
Em 2024, a propensão ao desemprego entre os recém-diplomados fixou-se nos 2,5%, um valor superior aos 2,1% observados em 2022 e 2023: aumento de 0,4 pontos percentuais. Apesar desta inversão na tendência de descida dos últimos 5 anos, a taxa manteve-se abaixo dos níveis registados em 2020 (3,4%) e em 2021 (2,8%), anos fortemente marcados pela crise pandémica e pelas suas repercussões no mercado de trabalho.
O risco de desemprego é superior nos cursos do ensino Público Politécnico
A propensão ao desemprego dos recém-diplomados foi bastante díspar entre os diferentes tipos de ensino. O ensino Público Politécnico registou, em 2024, o maior risco de desemprego (3%), um valor 0,5 pontos percentuais acima da média (2,5%). No caso do ensino Privado, não se verificaram diferenças entre o subsistema Politécnico e o Universitário, com a propensão ao desemprego a fixar-se nos 2,6% em ambos. O ensino Público Universitário, por sua vez, teve a mais baixa propensão ao desemprego (2,1%), 0,4 pontos percentuais abaixo da média (2,5%).
Analisando por nível de ensino e apesar da extinção dos cursos de mestrado integrado na maioria das áreas de formação, a propensão ao desemprego dos cursos de mestrado integrado situou-se nos 1,2%, uma proporção bastante abaixo dos cursos de licenciatura de 1.º ciclo (2,6%). A este resultado não será alheio as áreas de formação que ainda disponibilizam cursos de mestrado integrado – Arquitetura e Urbanismo, Ciências Farmacêuticas, Medicina, Medicina Dentária e Medicina Veterinária – cujo risco de desemprego tende a ser menor, sobretudo na área da Saúde.
A percentagem de recém-diplomados desempregados foi inferior a 2% na Grande Lisboa e na Península de Setúbal
A localização territorial das instituições de ensino superior também evidencia algumas assimetrias regionais no risco de desemprego. Em 2024, a proporção de recém-diplomados em situação de desemprego foi mais baixa na Grande Lisboa e na Península de Setúbal, sendo as únicas regiões abaixo dos 2%. Nas restantes regiões de Portugal Continental, o risco de desemprego foi superior a 2,5%, designadamente na região do Oeste e Vale do Tejo (3,7%) e também no Alentejo (3%), na região Norte (2,9%) e Centro (2,9%) do país.
A propensão ao desemprego foi superior a 4% nos serviços sociais, informação e jornalismo e artes
O risco de desemprego não foi uniforme entre as diferentes áreas de formação do ensino superior. Em 2024, as áreas dos serviços sociais, informação e jornalismo e artes registaram uma percentagem de recém-diplomados em situação de desemprego superior a 4%, um valor bastante superior à média de Portugal Continental (2,5%). No sentido inverso, a área da saúde (0,9%) e as áreas mais relacionadas com as STEM – tais como ciências físicas (1,1%), engenharia (1,4%) e matemática e estatística (1,5%) – a propensão ao desemprego foi bastante mais baixa.
São mais de 80 cursos sem desemprego entre os recém-diplomados
Em 2024, 84 cursos – 76 licenciaturas e 8 mestrados integrados – não registaram qualquer recém-diplomado em 2024.
Quase 30% – 24 dos 84 cursos – são da área da saúde, com destaque para a Licenciatura em Enfermagem com 10 cursos de diferentes instituições de ensino superior e também o Mestrado Integrado em Medicina com 2 cursos sem qualquer recém-diplomado desempregado.
No seguinte dashboard é possível consultar o número e a propensão de recém-diplomados desempregados por curso, sendo possível segmentar a análise por tipo de instituição, região e área de formação do ensino superior.