EDUSTAT - Assimetrias regionais nos resultados dos exames nacionais

Assimetrias regionais nos resultados dos exames nacionais

julho de 2025


Numa altura em que decorre a primeira fase dos exames nacionais 2024/2025 do ensino secundário, uma etapa bastante importante para o futuro de milhares de jovens, desde logo no acesso ao ensino superior, o EDUSTAT apresenta alguns dos principais resultados dos exames nacionais realizados no ano anterior, com especial atenção à análise regional. Esta abordagem permite identificar variações geográficas significativas, que muitas vezes refletem fatores socioeconómicos, recursos escolares disponíveis, e outras dinâmicas locais que influenciam diretamente o desempenho dos alunos.

O número de exames realizados aumentou 17% em 2023/2024

Na sequência da pandemia, os exames nacionais deixaram de ser obrigatórios para a conclusão do ensino secundário, mantendo-se apenas como instrumento de candidatura ao ensino superior. Como consequência, o número de exames realizados reduziu de 429 mil em 2018/2019 para 269 mil em 2019/2020: decréscimo de 37%.

Apesar deste regime, o número de exames realizados aumentou de forma contínua de 2021/2022 em diante, o que reflete, porventura, a intenção de um maior número de alunos pretenderem ingressar no ensino superior. Em 2022/2023, foram quase 268 mil os exames do ensino secundário realizados – variação de 2,3% face ao ano letivo anterior – e, em 2023/2024, o crescimento foi ainda mais acentuado, com quase 312 mil provas de exame realizadas – variação de 16,5% face ao ano letivo anterior. Não obstante, o volume de exames ainda estava 27% abaixo do registado em 2018/2019, antes da pandemia.

Em 2024/2025, passou novamente a ser obrigatória a realização de três exames finais, sendo um deles obrigatoriamente de Português, para a conclusão do ensino secundário, pelo que é espectável que o número de exames realizados aumente de forma acentuada para valores equiparáveis aos de 2018/2019.



Os exames de Biologia e Geologia e de Português foram os mais realizados

As disciplinas de Matemática A, Física e Química A, Português e Biologia e Geologia, associadas, sobretudo, ao Curso de Ciências e Tecnologias, representaram, em 2023/2024, cerca de 62% dos exames realizados, todas com número superior a 43 mil provas. De seguida, com um peso menor, surgem as disciplinas de Geografia A, Filosofia, Economia A e Matemática Aplicada às Ciências Sociais, mais associadas ao Curso de Línguas e Humanidades e de Ciências Socioeconómicas do ensino secundário, ao representarem cerca de 21% dos exames realizados.



As médias dos exames subiram na maioria das disciplinas

Em termos agregados, a média dos exames nacionais do ensino secundário baixou em 2023/2024 face ao ano letivo anterior, de 114,8 para 112,5 pontos. Não obstante, considerando as disciplinas com mais de 3 mil exames realizados, as médias subiram na maioria – 8 de 14 – das disciplinas, destacando-se História da Cultura e das Artes, Matemática A e História A, com uma subida da média superior a 0,8 valores. No sentido inverso, Biologia e Geologia, Português e Geografia A tiveram a queda mais acentuada em 2023/2024 face ao ano anterior.

Com exceção de Biologia e Geologia (99,9 pontos), a média nas restantes disciplinas foi positiva, com destaque para Inglês e Desenho A, com médias superiores a 14 valores. No caso de História A e Economia A as médias superaram os 12 valores.



O Litoral Norte e a região Centro tiveram os melhores resultados

As médias nos exames nacionais do ensino secundário foram positivas em todas os distritos do país em 2023/2024. Não obstante, verificou-se uma disparidade significativa de resultados entre as diferentes regiões. Os distritos do Litoral Norte do país – Porto, Viana do Castelo e Braga – foram os três distritos com as médias mais elevadas (superior a 11,6 valores), seguido por distritos da região Centro, designadamente Viseu, Aveiro, Leira e Coimbra.

No sentido inverso, Setúbal, juntamente com regiões do interior como Portalegre, Beja e Bragança, registaram as médias mais baixas nos exames nacionais do ensino secundário.



A análise dos resultados a um nível regional mais detalhado permite perceber que existem assimetrias ainda mais acentuadas, tal como constatado no mapa seguinte relativo à média dos exames do ensino secundário em 2023/2024 por concelho.