EDUSTAT - A riqueza por habitante cresceu 42% nos últimos 29 anos em Portugal

A riqueza por habitante cresceu 42% nos últimos 29 anos em Portugal

maio de 2025

A 9 de maio assinala-se o Dia da Europa, uma data simbólica que marca o início daquilo que hoje conhecemos como União Europeia (UE). A adesão de Portugal à UE – na altura designada de Comunidade Económica Europeia (CEE) – deu-se em 1986, juntamente com a Espanha. Este foi um marco importante para o país, que abriu portas para o crescimento e desenvolvimento económico, designadamente através do acesso a fundos europeus, da modernização das infraestruturas e também do acesso ao mercado único, que inclui a liberdade de circulação de pessoas, serviços e capitais.

Para assinalar esta data, o EDUSTAT apresenta alguns indicadores que retratam a transformação de Portugal desde a adesão, tanto a nível económico como social, comparando a realidade portuguesa com os restantes países europeus.


A riqueza por habitante cresceu, em termos reais, 42% nos últimos 29 anos

A riqueza criada em Portugal, medida através do Produto Interno Bruto (PIB), superou os 285 mil milhões de euros em 2024. Um valor bastante superior ao registado em 1986, ano da adesão de Portugal à CEE, tanto em termos nominais – mais de 10 vezes superior (28 mil milhões) – como no valor do PIB ajustado à inflação – mais de 2,4 vezes superior ao PIB real em 1986 (117 mil milhões). Ou seja, desde a adesão à União Europeia, a economia portuguesa mais do que duplicou de valor, tendo crescido, em termos reais, cerca de 143% entre 1986 e 2024.

Analisando o crescimento da economia por década, o PIB real português cresceu 17% entre 1970 e 1979, uma variação inferior à registada na década de 80 e 90, de 34% e 33%, respetivamente, que contempla os primeiros anos após a adesão à CEE. Depois dos anos 2000, e após a entrada em circulação da moeda única, o crescimento do PIB foi mais contido: 9% entre 2000 e 2009 e 8% entre 2010 e 2019. Não obstante, é notório o impacto que a entrada de Portugal na Comunidade Europeia teve na economia interna do país, ao longo das últimas décadas, em grande parte, devido à abertura do mercado interno ao espaço europeu.

Também a riqueza por habitante teve uma evolução notória ao longo dos últimos 29 anos, com o PIB per capita a crescer, em termos reais, cerca de 42% entre 19951 e 2024. Apesar deste crescimento, o rendimento médio per capita, em Portugal, medido em paridades de poder de compra, correspondia, em 2024, a apenas 81,6% da média europeia, um valor ligeiramente superior ao registado em 1995 (80,9%). Quer isto dizer que mesmo com melhores indicadores económicos, neste período não houve uma convergência significativa com parte dos restantes países europeus, com o nível de rendimentos por habitante per capita em Portugal a situar-se abaixo da média europeia.



O desenvolvimento humano acompanhou o crescimento económico

Para além da dimensão económica, que teve um crescimento significativo ao longo das últimas décadas, Portugal registou também um progresso em outras vertentes. De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano2 (IDH), um indicador elaborado pelas Nações Unidas, no âmbito do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que tem como finalidade comparar o progresso de um país ou região, considerando três dimensões básicas – saúde, educação e rendimento, Portugal evoluiu positivamente entre 1990 e 2022, tendo o IDH aumentado de 0,703 para 0,874 pontos, na escala que oscila entre 0 e 1. Neste período, Portugal passou do grupo dos países com IDH alto (0,700–0,799) para o grupo de países com IDH muito alto (≥ 0,800). Comparando com outros países, Portugal subiu da 50ª posição em 1990 para 42ª posição, entre 193 países, em 2022. Ainda assim, e face ao ano anterior, Portugal desceu várias posições, já que ocupava o 38º lugar em 2021.

Para além do rendimento, um indicador analisado mais acima, o IDH tem também em consideração outras vertentes, designadamente a saúde (que é medida pela esperança média de vida) e a educação da população. No que toca à saúde, a esperança média de vida dos portugueses aumentou de forma continuada nas últimas décadas, aumentando dos 74,3 anos para os 82,2 anos, entre 1990 e 2022.

Também a educação dos portugueses registou uma evolução notória nas últimas décadas. Em 1990, em média, cada português saía do sistema de ensino com aproximadamente 11,8 anos, valor que aumentou para os 16,8 anos em 2022. Do mesmo modo, a média de anos de escolarização também aumentou no mesmo período, de 5,3 anos em 1990 para 9,6 anos em 2022.

De facto, o aumento da escolarização da população portuguesa foi um dos mais notórios acontecimentos das últimas décadas. Para além da redução da taxa de analfabetismo de 18,6%, antes da entrada na CEE3, para 3,1% em 2021, a população com pelo menos o ensino secundário completo também teve um crescimento assinalável ao aumentar, de acordo com os dados do Eurostat para a faixa etária dos 25 aos 64 anos, de 25,1% em 2004 para 58,6% em 2023. Apesar do crescimento, o atraso face à média europeia continua a ser significativo, onde 78,8% da população a nível europeu já tem pelo menos o ensino secundário completo.



Referências:

1 Dados mais antigos disponíveis no Eurostat.
2 O IDH é um indicador que avalia o nível de desenvolvimento dos países a partir de informações de âmbito demográfico, cultural e económico dos países, designadamente a esperança média de vida, o PIB per capita e a taxa de analfabetismo. O indicador oscila entre 0 e 1, sendo que os países podem ser categorizados em quatro grupos: IDH baixo (≤ 0,549), IDH médio (0,550–0,699), IDH alto (0,700–0,799) e IDH muito alto (≥ 0,800).
3 Dados dos Censos de 1981, antes da entrada de Portugal na CEE.